Carta aberta de um estudante de Geografia à CAPES, sobre o Programa Ciências Sem Fronteiras.
"É preciso uma grande mobilização de todos nós, da AGB e outras entidades!
Vejam a carta abaixo:
Desculpo-me pelo tamanho da mensagem, mas peço encarecidamente que leiam até o final, já que um pedido de justiça, ao contrário do que a CAPES imagina, não pode ser colocado em 2000 caracteres.
Venho por meio deste, como cidadão brasileiro e futuro geógrafo, divulgar e pedir que divulguem a injustiça nacional que está sendo cometida conosco, e pedir a ajuda de toda e qualquer pessoa que tenha algum respeito pelo nosso povo e preze pela justiça.
Como todos sabem, o programa Ciências Sem Fronteiras procura incentivar cursos que, segundo eles, são prioritários para o país. Sendo assim, fica muito óbvio que cursos como cinema, jornalismo, pedagogia, sendo apenas exemplos de TODOS os cursos que existem, são de menor prioridade para o tão almejado desenvolvimento de nosso país.
Felizmente para mim e meus colegas de curso, estudo Geografia, que, como o próprio nome derivado do grego GEO e GRAPHIA indicam, realiza um estudo sobre a Terra, sendo então uma Ciência Exata e da Terra, e portanto estando inclusa nas áreas que o programa tanto prioriza. Ou pelo menos assim pensávamos...
Após inscrição no programa Ciências Sem Fronteiras, nos foi colocado que nossa candidatura sería indeferida, pelo seguinte motivo : "Curso não está dentro das Áreas e Temas Contemplados pelo Programa Ciência sem Fronteiras, conforme item 2.1 do Edital.". Melhor dizendo, a geografia não se enquadra em áreas como Ciências Exatas e da Terra, não trabalha com Produção Agrícola Sustentável, nem Petróleo, Gás e Carvão Mineral, nem Tecnologias de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais, e nem com a Formação de Tecnólogos (exemplos de áreas prioritárias do programa).
Maior absurdo ainda, é que foi divulgada uma lista com os cursos de graduação que o programa aceitaria. Descobrimos então, para nossa surpresa, que a Geografia não se enquadra em : Geociências e Educação Ambiental, Geodiversidade, Geofísica, Geografia, Geografia - Análise Ambiental, Geografia - Licenciatura ou Bacharelado, Geografia - Meio Ambiente, Geografia - Planejamento Urbano e Regional, Geografia e Meio Ambiente, Geologia, Geoprocessamento (todos colocados na lista anexa de cursos aceitos).
Novamente nos surpreendendo, foi divulgada uma errata no dia 09/01/2013 colocando que tal lista não tinha mais valor. A questão é que pessoas passaram por um duro processo de aprendizagem da língua, de nervosismo para realização da prova de proficiência, de muitos gastos na inscrição pra realizar a prova e no pagamento do curso para aprender a língua, se confiando no edital em questão, e nos anteriores. Além do mais, a maioria das inscrições já tinham sido realizadas no momento de divulgação da errata em questão.
Não estamos colocando que a geografia não estuda também a sociedade, que é fundamental para o nosso papel. Mas sim que estudos sobre a geomorfologia, pedologia, cartografia, geoprocessamento, sensoreamento remoto, hidrologia, entre muitos outros, são realizados pelos geógrafos e são colocados como área prioritária pelo programa
Em anexo, envio o formulário que preenchi no direito de resposta (com uma argumentação de no máximo 2000 caracteres, com espaços) que nos foi dado (que podería ser enviado até amanhã as 23h59 do dia 27/03, mas recebi uma resposta já hoje (26/03) afirmando que minha candidatura tinha sido indeferida definitivamente.
Em nome de todos os estudantes de Geografia do país, peço mais uma vez a ajuda, articulação e divulgação daqueles que percebam o problema e lutem por justiça.
Me coloco à disposição para toda e qualquer dúvida ser esclarecida (menos a de como não considerar a geografia como uma Ciência da Terra).
Atenciosamente,
Hugo Dubeux
Estudante de Geografia da Universidade Federal de Pernambuco
Brasileiro com necessidade de justiça
E-mail para contato: hugodubeux@gmail.com
Telefone para contato: (81) 9173-0975"
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