Gazeta Ribeirão, 05/06/2012.
Nós podemos substituir adequadamente o termo “recurso natural”, que aprendemos na escola, por “serviço ambiental” ou “serviço ecossistêmico”. Essa mudança sutil de conceito nos fará enxergar com maior clareza e atualidade a forte dependência de nossa vida com o ambiente e os processos naturais. Recurso natural sempre teve uma conotação utilitarista da natureza. Renováveis e não renováveis: a água, o solo, os minerais do subsolo, as árvores, os animais e os microorganismos à nossa irrestrita disposição para uso e consumo.
Acontece que vivemos em outros tempos históricos e nossa compreensão a respeito do ambiente físico e biológico está se modificando. Na verdade os ecossistemas dão suporte às atividades humanas, quer aquelas para produção de bens de consumo, como a agricultura, quer às de caráter cultural. A produção agrícola não acontece apenas com aporte de insumos e máquinas, mas sobretudo por um montante de serviços que a natureza presta aos sistemas agrícolas.
Acontece que vivemos em outros tempos históricos e nossa compreensão a respeito do ambiente físico e biológico está se modificando. Na verdade os ecossistemas dão suporte às atividades humanas, quer aquelas para produção de bens de consumo, como a agricultura, quer às de caráter cultural. A produção agrícola não acontece apenas com aporte de insumos e máquinas, mas sobretudo por um montante de serviços que a natureza presta aos sistemas agrícolas.
Uma cultura de maracujás no interior de São Paulo onde a polinização entre as flores é feita de forma manual chega a ter um custo 60% superior às culturas onde a polinização é feita naturalmente pela mamangava. Com o declínio das populações desta espécie de vespa na natureza, por motivos de destruição de seus habitats (desmatamento), os agricultores precisam recorrer à prática manual, que é dispendiosa e cansativa. A mamangava faz a polinização gratuitamente!
A presença da vegetação ciliar ao longo dos rios, por exemplo, proporciona uma série de serviços diretos e indiretos aos sistemas agrícolas: permite que a água da chuva infiltre no solo reabastecendo os lençóis superficiais; extrai nutrientes ácidos precipitados pela chuva e assim purifica a água; mantém as diferentes formas de vida de um rio que permite a pescaria no final de semana; garante o abastecimento dos pivôs de irrigação para as culturas anuais; impede a erosão do solo, evitando o assoreamento dos rios; evapotranspira constantemente pela superfície das folhas e do solo, contribuindo para a estabilidade do microclima, o equilíbrio das temperaturas e a formação de nuvens; abriga uma infinidade de espécies animais que fazem com que sementes e pólen se disseminem pelo meio rural, reequilibrando as cadeias alimentares no campo; e ainda funciona como barreira de vento, mantendo a umidade do ar na sua circunvizinhança. Todos esses serviços são essenciais para que a produção agrícola aconteça.
Nosso país tem vocação agrícola e florestal. O consórcio dos sistemas agrícolas com os sistemas florestais é o melhor caminho para um futuro verdadeiramente sustentável. Competência técnica e política é o mais sensato neste momento emblemático de revisão da legislação florestal.
De nada adiantará termos instrumentos de pesca moderníssimos se não houver mais estoques de peixes nos rios e nos mares!
Perci Guzzo é Ecólogo e Mestre em Geociências.
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