quarta-feira, 8 de junho de 2011

5 de Junho - Dia Mundial do Meio Ambiente

O Dia Mundial do Meio Ambiente e da Ecologia, 5 de junho, é a principal data do ano para chamarmos a atenção das pessoas para os graves problemas ambientais; e também para divulgarmos ações efetivas que tenhamos desenvolvido no sentido de minimizar tais problemas. Não é dia apropriado para dizer que faz e acontece em favor da natureza: parole, parole. Em um sentido maior, é dia de comemorarmos a vida.

O desmatamento de florestas, cerrados e caatingas é o oposto de vida. É um problema brasileiro tão grande quanto a miséria de muitos de nossos irmãos. Em que pese as diferentes condições de vida entre nós e as diferenças entre os animais, as plantas, e os microorganismos, o 5 de junho nos nivela, e nos traz a noção de que somos interdependentes. As belas flores de um extenso cultivo de maracujás são polinizadas por vespas e abelhas que resultarão em belos frutos aos seus consumidores e a seu agricultor.

O Brasil, neste Ano Internacional das Florestas, não tem o que comemorar no Dia Mundial do Meio Ambiente. Mas tem o que refletir; profundamente. A Câmara dos Deputados, no último 24 de maio, deu por nós um exemplo evidente de ignorância, insensibilidade e irresponsabilidade na histórica e emblemática sessão sobre o Código Florestal Brasileiro. Ao aprovar o relatório do deputado Aldo Rebelo (PC do B, SP) e ao aprovar a emenda 164 do PMDB, a maioria dos deputados ignorou a comunidade científica, mateve-se insensível às muitas vozes da sociedade, e agiu de forma irresponsável para com o futuro dos agricultores. Apenas conjuntura política pesou no voto dos "vencedores". Esta primeira instância de aprovação de mudanças no Código Florestal abre uma grande ferida na legislação ambiental brasileira.

Enquanto as APPs (áreas de preservação permanente) e as RLs (reservas legais) prestam enormes serviços ambientais à agricultura e a todos nós - no sentido que mantém os processos ecológicos em funcionamento e
conserva a biodiversidade -, a Câmara dos Deputados prestou um enorme desserviço ao meio ambiente e ao País. Um desserviço que nos é caro.

Esta sede ao pote do agronegócio assegurará água apenas a curto prazo. Com o ambiente deteriorado não se manterá a produção agrícola com a mesma quantidade e qualidade no longo prazo. Nossos produtos valerão menos com o custo ambiental alto. A destruição das florestas é nossa principal contribuição com o efeito estufa. Temos compromissos assumidos para diminuir as emissões de GEE (gases de efeito estufa) e não estamos cumprindo. Em 2012 sediaremos a Rio+20. Com que cara? Sugiro que antecipemos nossa vergonha e coloquemos agora uma mão na frente do rosto e a outra na consciência.

Perci Guzzo é Ecólogo e mestre em Geociências.

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